Trilogia Solano Trindade - Parte 3: Amor

Amor, Amor, sempre Amor

Quando um amor no peito morre
Outro amor no peito nasce
Coração de poeta é terra boa
Para plantar o amor

Não existe amor passado
Todo amor é presente

Quem nasceu para amar
Vive amando todo dia
Hoje ama Josefa
Amanhã ama Maria
Mas tem amor todo o dia
Todo amor é de agora...
Não existe amor futuro

Meu grande amor
Eu procuro amar numa ternura imensa
empregando um amor que só eu sinto
que só eu quero
que só eu posso
pois eu não sou o amante banal
de romance vulgar de fátua história.
Eu procuro amar
como amo a vida
num desejo de eternidade imensa
agradando a minha carne
como agrado a minh'alma,
sem medo, sem hipocrisia,
em busca do prazer
que teu corpo pode dar:
o calor de teus seios
o brilho de teus olhos
o cheiro de tuas axilas
o odor de tua boca
a quentura de teus lábios.

Eu quero amar
agradecendo a minha velhice criadora
o meu sonho de guia
fazendo de meus cabelos
uma nova bandeira de beleza
construindo um mundo
para a minha indestrutível
poesia negra...

O mar também é casado

“O mar também é casado
O mar também tem mulher
É casado com a areia
Dá-lhe beijos quando quer"
Mas o mar é egoísta
Me separou da mulher.
Quero beijar minha amada,
Quero os seus lábios beijar
Quero que a amada me beije
Como a areia beija o mar

Balada molenga de uma negra dengosa

Sou molengo

molengo

cheio de dengo

Gosto de beijo

gosto de amor

Sou molengo

molengo

cheio de dengo

choro por um carinho

que venha de tuas mãos

Sou molengo

molengo

cheio de dengo

Gosto de cafuné

gosto bem de lero, lero

que venha da tua boca

Molengo

sou molengo

cheio de dengo

Gosto também do seu dengo

gosto cafunar teu quengo

Sou molengo

molengo

cheio de dengo

Canto a musa creoula

O vento soprou,

tu chegaste,

me abraçaste,

eu gostei tanto

que a saudade de ti

foi embora.

A tarde era fria,

as tuas mãos quentes

fizeram o frio passar;

o vento soprava,

mas eu não sentia

pois tua presença

era todo calor...

Até que chovia,

porém, nos teus olhos

eu via o sol...

Negra bonita de azul e branco

Negra bonita

de azul e branco

sentada num banco

de segunda classe

do trem de Caxias.

Negra bonita

o que é que você tem

que está assim tão triste

não sorri pra ninguém?

Negra bonita

seu amor não veio?

Quem sabe se ainda vem

e se ele não vier

quem sabe se outro vem

Negra bonita

de azul e branco

quem sabe se eu não sirvo

para ser seu novo amor

não somos da mesma cor?

Eu sou o tipo ideal

pra quem perdeu o amor...