Manoel de Barros
"Distâncias
somavam a gente para menos. Nossa morada estava tão perto do
abandono que dava até para a gente pegar nele. Eu conversava
bobagens profundas com os sapos, com as águas e com as árvores. Meu
avô abastecia a solidão. A natureza avançava nas minhas palavras
tipo assim: O dia está frondoso em borboletas. No amanhecer o sol
põe glórias no meu olho. O cinzento da tarde me empobrece. E o rio
encosta as margens na minha voz (...)”
Fragmento
do texto de entrada do livro Poesia Completa-2010
''Acho
que o quintal onde a gente brincou é maior do que a cidade. A gente
só descobre isso depois de grande. A gente descobre que o tamanho
das coisas há que ser medido pela intimidade que temos com as
coisas. Há de ser como acontece com o amor. Assim, as pedrinhas do
nosso quintal são sempre maiores do que as outras pedras do mundo.
Justo pelo motivo da intimidade. (...) Sou hoje um caçador de
achadouros da infância. Vou meio dementado e enxada às costas cavar
no meu quintal vestígios dos meninos que fomos (...).''
Fragmento
de Achadouros, do livro Memórias Inventadas -A infância-2003.
Lindo Ka,
ResponderExcluirAdorei. Temos que marcar uma brincadeira no nosso quintal aqui de casa novamente. Rsss
Te espero amanha aqui.
Beijocas nariz de pipoca