terça-feira, 25 de junho de 2013

Redescobrindo o já descoberto.


 Manoel de Barros

"Distâncias somavam a gente para menos. Nossa morada estava tão perto do abandono que dava até para a gente pegar nele. Eu conversava bobagens profundas com os sapos, com as águas e com as árvores. Meu avô abastecia a solidão. A natureza avançava nas minhas palavras tipo assim: O dia está frondoso em borboletas. No amanhecer o sol põe glórias no meu olho. O cinzento da tarde me empobrece. E o rio encosta as margens na minha voz (...)”

Fragmento do texto de entrada do livro Poesia Completa-2010

''Acho que o quintal onde a gente brincou é maior do que a cidade. A gente só descobre isso depois de grande. A gente descobre que o tamanho das coisas há que ser medido pela intimidade que temos com as coisas. Há de ser como acontece com o amor. Assim, as pedrinhas do nosso quintal são sempre maiores do que as outras pedras do mundo. Justo pelo motivo da intimidade. (...) Sou hoje um caçador de achadouros da infância. Vou meio dementado e enxada às costas cavar no meu quintal vestígios dos meninos que fomos (...).''

Fragmento de Achadouros, do livro Memórias Inventadas -A infância-2003.






Um comentário:

  1. Lindo Ka,

    Adorei. Temos que marcar uma brincadeira no nosso quintal aqui de casa novamente. Rsss
    Te espero amanha aqui.
    Beijocas nariz de pipoca

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