# Tiradas da Exposição "Olhos de Barros" no Sesc Taubaté - SP #
"Escrevi 14 livros e deles estou
livrado.
São todos repetições do primeiro."
No achamento do chão também foram
descobertas as origens do voo.
Sei de conchas em mim ouvindo hinos.
Estou em vão.
Casebres em ruínas
muros
escalavrados...
e a lesma – na sua liberdade de ir
nua
úmida.
De tarde
cigarras
arrebentam o verão.
O corpo do rio prateia
quando a lua
se abre.
A chuva
azula a voz
das andorinhas.
Grilo faz a noite menor para ele caber.
Caracol é uma solidão que anda na
parede.
Quero a palavra que sirva na boca dos
passarinhos.
A gente é rascunho de pássaro.
Os passarinhos precisam antes de belos,
ser eternos...
eternos como a fuga de Bach.
Passarinhos são pessoas mais
importantes do que aviões.
Porque os passarinhos vêm do inicio do
mundo.
E os aviões são acessórios.
Gosto de brincar com as palavras mais
do que de bicicleta.
Buscar a beleza nas palavras é uma
solenidade de amor.
Palavra poética tem que chegar ao grau
de brinquedo para se séria.
Tem mais presença em mimo que me
falta.
As palavras me escondem sem cuidado.
Uso a palavra para compor meus
silêncios.
Quem aumenta o azul das manhãs são os
sabiás.
Tudo que não invento é falso.
Manoel de Barros.
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