Ela se sentou no banco da praça com o terço em mãos. Se
apegava a ele como quem se apega ao último suspiro de vida, como quem se vê
diante da última sorte no jogo. Rezava com afinco, pedindo a Nossa Senhora que
lhe concedesse mais essa chance ou graça. O sol das onze horas não queimava, o
calor era suportável e aquela árvore a refrescava.
Na
praça, somente a companhia de um idoso que aguardava melancolicamente a chegada
da hora do almoço.
Ela
se encontrava devastada física, psicológica e emocionalmente, e aquele era o
momento de oração onde ela renovava os votos de confiança para continuar
lutando contra aquela que já a havia derrubado algumas vezes: a moléstia do
físico. Ela se encontrava em absoluta solidão interior. Foi quando Mia, a gata
malhada de olhos verdes se aproximou e começou a ronronar e a se esfregar em
suas pernas; ela lhe pedia atenção. Por um minuto ela se esqueceu do fervor da
oração e lhe concedeu alguns carinhos.
Por
instantes Mia lhe fez companhia, lhe fazendo se esquecer da solidão.
Mia
era persistente e não desistia em sua relutância; ronronou, miou, se esfregou,
se lambeu, e se deitou ao seu lado, como quem insiste em gozar de sua
companhia. Ela não relutou e assentiu, mas logo o sol esquentou, a barriga
roncou e o tempo cedeu; e ela se apegou fervorosamente ao seu terço novamente
se lembrando de sua moléstia e rogando a Nossa Senhora que lhe concedesse mais
esta chance ou graça. E seus pensamentos retornaram ao seu objetivo.
Karina Aldrighis
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