sábado, 1 de outubro de 2011

Mendiga


Na vida nada tenho e nada sou;

Eu ando a mendigar pelas estradas...

No silencio das noites estreladas

Caminho, sem saber para onde vou!


Tinha o manto do sol... quem mo roubou?!

Quem pisou minhas rosas desfolhadas?!

Quem foi que sobre as ondas revoltadas

A minha taça de oiro espedaçou?


Agora vou andando e mendigando,

Sem que um olhar dos mundos infinitos

Veja passar o verme, rastejando...


Ah, quem me dera ser como os chacais

Uivando os brados, rouquejando os gritos

Na solidão dos ermos matagais!...


Florbela Espanca

Nenhum comentário:

Postar um comentário