quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Biografia de Pagu (Patrícia Rehder Galvão)

Pagú

Sempre fui fã de mulheres que viveram a frente de seu tempo. Pagu é uma destas
mulheres. Precoce e ousada, aos 20 anos de idade já viajava mundo afora para defender
seus ideais e pontos de vista.
Aos 15 anos de idade já escrevia para jornais e revistas e não tinha medo de
expor suas idéias ao mundo.
Ousada também em suas paixões, foi amante e posteriormente esposa de Oswald
de Andrade, da qual era bem mais jovem que ele e com quem teve
seu primeiro filho, Rudá de Andrade.
Com certeza, foi uma grande mulher, pena não tê-la conhecido pessoalmente.
Mas por hora deixo aqui uma pequena
Biografia desta brilhante Escritora e Jornalista,
e um singelo poema de Pagu Poetisa,
espero que gostem!

Patrícia Rehder Galvão, conhecida pelo pseudônimo de Pagu, nasceu em São João da Boa Vista em 9 de junho de 1910. Poetisa, romancista, crítica, cronista, ilustradora e autora teatral, Pagu foi uma revolucionária. Aos 19 anos, recém saída da Escola Normal da Capital, em São Paulo, juntou-se ao movimento antropofágico – gestado pelo casal modernista Oswald de Andrade e Tarsila do Amaral, Mário de Andrade e Raul Bopp, dentre outros. Estreou na Revista de Antropofagia em sua fase mais radical, a chamada “segunda dentição”, juntamente com Oswald, com quem foi casada de 1930 a 1934. Aos 20 anos, viajou a Buenos Aires, onde encontrou o líder comunista Luís Carlos Prestes e conheceu o escritor Jorge Luís Borges.
Militante do Partido Comunista, Pagu foi a primeira mulher presa por questões políticas no Brasil por sua participação em greve dos estivadores de Santos, em 1931. Permaneceu presa algumas semanas na Cadeia de Santos, edifício que atualmente sedia a Oficina Cultural Regional Pagu – da qual é patronesse.
Correspondente de vários jornais, Pagu visitou os Estados Unidos, o Japão e a China. Entrevistou Sigmund Freud e assistiu à coroação de Pu-Yi, o último imperador chinês. Por intermédio dele, conseguiu sementes de soja que foram enviadas ao Brasil e introduzidas na economia agrícola nacional. Casada com o crítico de arte Geraldo Ferraz, radicou-se em Santos e foi crítica literária, teatral e de televisão do jornal “A Tribuna”. Liderou a construção do Teatro Municipal, fundou a Associação dos Jornalistas Profissionais e criou a União do Teatro Amador de Santos, por onde passariam os novatos Aracy Balabanian, José Celso Martinez Correa, Sérgio Mamberti e Plínio Marcos. Pagu foi também a primeira tradutora de Arrabal para o português, introduzindo o teatro do absurdo no cenário brasileiro. Lutou desde 1949 contra um câncer, e encerrou sua brilhante trajetória no ano de 1962.


Canal

Poema publicado n’A Tribuna, Santos/SP, em 27-11-1960


Nada mais sou que um canal
Seria verde se fosse o caso
Mas estão mortas todas as esperanças
Sou um canal
Sabem vocês o que é ser um canal?
Apenas um canal?

Evidentemente um canal tem as suas nervuras
As suas nebulosidades
As suas algas
Nereidazinhas verdes, às vezes amarelas
Mas por favor
Não pensem que estou pretendendo falar
Em bandeiras
Isso não

Gosto de bandeiras alastradas ao vento
Bandeiras de navio
As ruas são as mesmas.
O asfalto com os mesmos buracos,
Os inferninhos acesos,
O que está acontecendo?
É verdade que está ventando noroeste,
Há garotos nos bares
Há, não sei mais o que há.
Digamos que seja a lua nova
Que seja esta plantinha voacejando na minha frente.
Lembranças dos meus amigos que morreram
Lembranças de todas as coisas ocorridas
Há coisas no ar…
Digamos que seja a lua nova
Iluminando o canal
Seria verde se fosse o caso
Mas estão mortas todas as esperanças
Sou um canal.

Para saber mais a respeito da Escritora, visite o site oficial

www.pagu.com.br

Link com trecho do livro Paixão Pagu, a autobiografia precoce

de Patrícia Galvão, escrito por ela própria:

Pagu, Oswald de Andrade e o
filho Rudá.

Nenhum comentário:

Postar um comentário