segunda-feira, 4 de julho de 2011

Florbela...


FLORBELA ESPANCA


AMIGA

Deixa-me ser a tua amiga, Amor,

A tua amiga só, já que não queres

Que pelo amor seja a melhor,

A mais triste de todas as mulheres.


Que só a ti, me venha magoa e dor

O que me importa?! O que quiseres

É sempre um sonho bom! Seja o que for,

Bendito sejas tu por mo dizeres!


Beija-me as mãos, Amor, devagarinho...

Como se os dois nascêssemos irmãos,

Aves cantando, ao sol, no mesmo ninho...


Beija-mas bem!...que fantasia louca

Guardar assim, fechados, nestas mãos

Os beijos que sonhei pra minha boca!...



A MINHA DOR

à você


a minha Dor é um convento ideal

cheio de claustros, sombras, arcarias,

aonde a pedra em convulsões sombrias

tem linhas dum requinte escultural.


Os sinos têm dobras de agonias

Ao gemer, comovidos, o seu mal...

E todos têm sons de funeral

Ao bater horas, no correr dos dias...


A minha Dor é um convento. Há lírios

Dum roxo macerado de martírios,

Tão belos como nunca os viu alguém!


Nesse triste convento aonde moro,

Noites e dias rezo e grito e choro,

E ninguém ouve...ninguém vê...ninguém...

2 comentários:

  1. Olá poetisa!
    Seu blog é muito bonito...! E também sou fã de Florbela Espacanca e Fernando Pessoa...!
    Parabéns pelo blog

    Beijos
    Ana

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  2. Obrigada Querida! Venha sempre!

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