quarta-feira, 8 de junho de 2011

Junquilhos...

Nessa tarde mimosa de saudade

Em que eu te vi partir, ó meu amor,

Levaste-me a minh’alma apaixonada

Nas olhas perfumadas duma flor.


E como a alma, dessa florzita,

Que é a minha, por ti palpita amante!

Oh alma doce, pequenina e branca,

Conserva o teu perfume estonteante!


Quando fores velha, emurchecida e triste,

Recorda ao meu amor, com teu perfume

A paixão que deixou e qu’inda existe...


Ai, dize-lhe que se lembre dessa tarde,

Que venha aquecer-se ao brando lume

Dos meus olhos que morrem de saudade!


Florbela Espanca


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